segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Modelos culturais na amamentação

A falta de modelos culturais na amamentação

A amamentação nos primatas superiores não é puramente instintiva. É preciso uma aprendizagem por observação, aprendizagem que na natureza se dá de forma espontânea. Mas muitas mães dão à luz sem nunca haver visto outra mulher dar de mamar. Algumas nem sequer tiveram outro bebê nos braços. Muitas adolescentes não passaram pela experiência de ver uma mãe cuidando do seu filho apesar de terem feito um bico de babysitter, cuidando o bebê (e dando mamadeira) quando a mãe está ausente.

Por outro lado, é relativamente fácil ver bebês tomando mamadeira. Nos parques, nos filmes, nas fotos de revista. Isso contribue para que, em muitos países europeus, as imigrantes dêem menos peito que as autóctonas. As turcas que moram na Suécia, por exemplo, não só dão menos peito que as que ficaram na Turquia, também dão menos peito que as suecas. A Suécia é um dos países da Europa onde mais se dá o peito, mas as imigrantes não ficaram sabendo. Não entendem os livros, não têm amigas com quem falar, só podem ver as fotos das revistas e chegam à conclusão de que "a mamadeira deve ser melhor, porque aqui é o que tomam todos os bebês".

Como dar mamadeira sim, já viram muitas vezes, em fotos ou ao natural, muitas mães tentam dar o peito segurando o bebê como se fossem dar uma mamadeira, com a cabeça no cotovelo e olhando pra cima. Dessa maneira, o bebê tem que virar e dobrar o pescoço e quase não chega ao peito.

Também a arte pode oferecer modelos inadequados. Em muitos quadros o menino Jesus mama sentado e com o pescoço torcido. Mas, preste atenção ao menino, costuma ter vários meses e ás vezes um ou dois anos. Os recém nascidos, verdade seja dita, não são muito fotogênicos; o quadro fica melhor com um bebê maiorzinho. E em alguns quadros o menino nem sequer está mamando, está olhando o pintor (tão interessante, claro) enquanto dá uma bela puxada no peito da mãe.
Trecho do livro Un Regalo Para Toda La Vida do pediatra Carlos González.

Também é objetivo do nosso grupo divulgar e promover uma cultura de amamentação.
Mesmo que não existam dúvidas nem dificuldades, venha partcipar das nossas reuniões! Sua participação é importante para juntas tentarmos recriar uma cultura mais amiga da mãe que amamenta...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Livre demanda


Livre demanda é deixar o bebê mamar quando e quanto ele quiser, seja por fome, necessidade de sucção ou simplesmente saudade. Ele que determina quando quer mamar e quanto tempo quer mamar. Livre demanda é deixar o bebê no seio até ele ficar satisfeito e soltar o seio espontaneamente.

Livre demanda é dar o peito sempre que o bebê tiver fome, o que não significa que todas as vezes que ele chora, ele está com fome. Pode estar precisando apenas de colo, de contato físico e o peito pode ser oferecido como conforto para essas situações também. Livre demanda é amamentar sempre que o bebê e/ou a mãe tiverem vontade.

Na livre demanda não existe regra, cada bebê faz o seu ritmo. O bebê acaba criando uma rotina espontaneamente, mas vai ter dias em que ele vai mamar com muito mais freqüência e dias em que vai mamar menos. Se o dia estiver quente ele pode querer mamar mais, se estiver cheio de novidades pode querer menos.

Nos primeiros três meses a livre demanda tem especial importância, pois a produção de leite está se estabelecendo perante as necessidades do bebê e colocar horários neste período pode ser perigoso para o estabelecimento da produção futura.

Além de que, nos três primeiros meses tudo é novidade para mãe e filho. Esta é uma fase de adaptação mútua, em que o bebê precisa se adaptar à vida fora do útero, pois seu organismo ainda é imaturo, pode ter cólicas, pode precisar de aconchego, de colo, sentir que está seguro aqui como estava lá dentro. Assim, a amamentação em livre demanda é uma continuidade da gestação, onde o bebê era nutrido continuamente.

Cada bebê tem uma necessidade diferente, ele pode precisar no começo mamar a cada hora ou mesmo ficar mais de 40 minutos mamando, assim como de uma hora para outra ele pode passar a querer mamar apenas poucos minutos e menos vezes ao dia.

Durante o aleitamento exclusivo, nos primeiros seis meses de vida, a livre demanda garante que o bebê seja nutrido e hidratado adequadamente. Nos dias quentes ele pode ter mais sede e mamar mais, bem como quando estiver em um pico de crescimento e pode precisar mamar mais.
A livre demanda é uma forma de garantir que ele estará recebendo tudo o que precisa.

A amamentação em livre demanda também é importante porque o leite materno muda no decorrer da mamada e até mesmo com o intervalo entre as mamadas. Na livre demanda o bebê controla o quanto quer ficar no seio e os intervalos entre as mamadas, assim ele controla o quando está ingerindo, pois ele bem sabe o quanto precisa.

A amamentação em livre demanda pode ser mantida mesmo quando a mãe volta a trabalhar., Quando a mãe estiver ausente, seu leite pode ser oferecido com horários, mas nos momentos em que estiver com o bebê pode continuar amamentando em livre demanda.

Mesmo com a introdução de alimentos a livre demanda pode ser mantida, já que o principal alimento para o bebê até um ano continua sendo o leite materno, sendo os alimentos apenas um complemento a este. Assim, o bebê sabe o quanto precisa ingerir e aos poucos vai se adaptando aos alimentos, e vai passar a comer mais e mamar menos.

Na amamentação em livre demanda, a mãe não se torna uma escrava do bebê, ela apenas respeita o seu tempo para criação de um ritmo.

A amamentação em livre demanda pode ser mantida até o desmame, já que em uma relação saudável entre mãe e filho, a criança vai adquirindo segurança e desmamando naturalmente, no seu tempo, que pode variar muito de uma criança para outra.

É o "fechamento" natural do ciclo da gravidez e do parto, segundo G.D de Carvalho, 2001.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

SAIBA COMO USAR O COPINHO NO ALEITAMENTO

Saiba como usar o copinho na alimentação de bebês em Aleitamento Materno:

O leite materno é o melhor alimento para o bebê, é completo, contém tudo que ele precisa para crescer com saúde e se defender de várias doenças como as diarréias, as infecções respiratórias como gripes e pneumonias, diminui o custo da família, já que é de graça e não requer material para ser preparado, sendo também muito prático para ser utilizado.

O aleitamento ao seio é importante para fortalecer o vínculo entre a mãe e o seu filho, despertando o sentimento de amor entre os dois. Com a amamentação o bebê se desenvolve intelectualmente e emocionalmente através do prazer e da convivência com a mãe. Algumas situações podem aparecer dificultando este contato, a mãe que precisa se ausentar e não pode levar seu filho junto, por exemplo, quando tem que ser internada por problema de saúde, quando vai trabalhar fora ou estudar, enfim, situações que provocam um afastamento do bebê.

O uso de mamadeiras e chucas confundem o bebê porque a forma de sugar ao seio é completamente diferente da forma como se suga os bicos artificiais correndo-se grande risco de desmame, ou seja, do bebê recusar o seio, porém, muitas vezes podemos oferecer este alimento precioso através de utensílios que manterão o aleitamento materno.

Para situações em que a mãe vai se afastar podemos utilizar copinhos, tais como xícara de cafezinho, os de aguardente, enfim, qualquer copinho ou xícara que não tenham nenhuma saliência em seu rebordo e que possam ser lavados e fervidos.

* Para realizar tal tarefa recomendamos os seguintes passos:

1- Despertar o bebê, massagear os pés e a face. Não deixar que o bebê esteja agitado de fome ou outro desconforto, pois dificulta a manobra;

2- Acomodar o bebê na posição sentada ou semi-sentada em seu colo, sendo que a cabeça forme um ângulo de 90º com o pescoço;

3- Encostar a borda do copo no lábio inferior do bebê e deixar o leite materno tocar o lábio;

4- O bebê fará movimentos de lambida do leite seguidos de deglutição;

5- Não despejar o leite na boca do bebê. O uso do copinho é um excelente método de alimentar o bebê com o leite materno, quando a mãe não pode oferecer o seu leite no próprio seio. Favorece o contato do bebê com o seu cuidador.

Quando mãe e filho estiverem novamente juntos ele manterá o aleitamento ao seio.

O recomendado pela OMS/UNICEF, Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria é que o aleitamento seja exclusivo até o sexto mês e complementado até dois anos ou mais. Portanto o ideal é que seu bebê receba seu leite (leite materno) ordenhado e oferecido no copinho. Apesar da técnica estar descrita acima, sugiro que procure por um profissional do aleitamento materno (AM) para treinamento. Geralmente estes profissionais treinados em AM (pediatra, enfermeira, psicóloga, etc) são encontrados em bancos de leite humano.

Dr Luciano B. Santiago - presidente do comitê de AM da SMP.