quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Relato de desmame natural

Relato de desmame natural de Sarah, mãe de André

André tem 3 anos, tem um histórico de alergia a leite de vaca mesmo sendo amamentado exclusivamente (ele se sensibilizou por causa, provavelmente, de um hidratante a base de leite, nos primeiros dias de vida, e desenvolveu alergia a proteína do leite de vaca que eu consumia e chegava a ele através do meu leite). Ficou no peito sem experimentar nenhum outro alimento até ter 7 meses, e isso que eu tinha voltado ao trabalho com 5 meses. Mamava o leite que eu retirava na mamadeira com ponta de colher, para não ter confusão com outros bicos. Foi direto para os copinhos, fez muito acompanhamento por causa da alergia, ficamos até ele fazer dois anos, eu e ele sem tomar nada que tivesse leite ou derivados. Até hoje, ele não gosta muito de leite de vaca, prefere soja.

Amamentar sempre foi um prazer, mesmo ele acordando a noite. Mesmo tendo seus desconfortos ocasionais. E ele tem se desenvolvido independente e feliz.

Desde a gestação, nós respeitamos os ritmos dele. O parto foi normal, natural, não hospitalar, em casa de parto, sem apressarem, sem gritos. Com calma. Ele nasceu sem sobressalto: o coração dele não acelerou uma batida, graças a um ambiente e pessoas totalmente voltadas para fazer essa transição do modo mais calmo possível. Me parecia natural que esse mesmo respeito eu demonstrasse com a amamentação e o desmame.

Durante 3 anos amamentei em livre demanda. Quando ele queria, eu amamentava. E nos últimos meses, ele tem pedido cada vez menos, Primeiro começou a por conta própria mamar só de manhã e a noite, depois só a noite, depois só no meio da noite, e depois, passava dois, três dias sem mamar. Pedia de novo. Se acontecia algo diferente, voltava a mamar duas, três vezes, depois começava a espaçar de novo. Ainda tenho leite. Fazem já uns 5, 6 dias que ele não mama, e antes disso foram quase 10 dias. As vezes pede, fica olhando, olha para mim, e simplesmente deita do meu lado e ficamos juntos curtindo um ao outro. Ele percebeu que mesmo sem mamar eu continuo perto dele.

É importante para mim perceber que tudo está rolando no ritmo dele. Conforme ele se sente pronto, maduro para fazer as coisas.

Acho que isso é o mais importante para mim. Com isso, tudo tem sido sem traumas, para mim e para ele. Me sinto bem com isso, e ele também.

Ajudou muito conhecer bem o processo de amamentação e desenvolvimento da criança, porque eu consigo entender o que está rolando, então, mesmo ele tendo feito o processo, tudo que li sobre desmame natural ajudou muito a me deixar segura. Cama compartilhada também facilitou muito: ele se sente seguro com as horas que dorme junto com a gente, então não se sente abandonado por parar de mamar. Nós continuamos aqui apoiando ele.

E uma coisa boba mas importante: muito cuidado na alimentação. Quando se para de amamentar, nosso consumo calórico cai drasticamente, e é muito fácil ganhar peso. Estou agora começando a brigar com os quilinhos a mais que vieram com o processo de desmame dos últimos meses... (e sempre que uma mulher com bebê diz que quer emagrecer eu recomendo: amamente muito.)


É isso ai. Mais um passo rumo a independência... ele já não cabe no sling, está tirando a fralda (no tempo dele também, o que dá um trabalhão =P), parou de mamar. Me sinto cada vez mais segura de que minha escolha por uma gestação / parto naturais, por uma busca de exterogestação foi a coisa mais acertada que eu poderia ter feito.

Sarah Helena

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